Alugando uma Vaga de Garagem? Guia Completo para um Contrato Seguro
- Ramona Gonçalves Bermudes
- há 5 dias
- 3 min de leitura
Contrato para aluguel de vaga de garagem de forma segura e efetiva!

Em grandes cidades, uma vaga de garagem é um bem precioso. Seja para quem tem um carro extra e precisa de espaço, ou para quem mora em um prédio sem vagas suficientes, alugar uma garagem é uma solução prática. No entanto, muitas pessoas tratam essa locação como um acordo informal, "de boca", o que é um convite para problemas futuros.
A verdade é que a locação de uma vaga de garagem, assim como a de um imóvel, precisa de um contrato claro e bem definido para garantir a segurança de ambas as partes: o locador (dono da vaga) e o locatário (quem aluga).
Mas quais cuidados você deve ter ao redigir este documento? Vamos detalhar os pontos essenciais.
1. Ponto de Partida: Verifique a Convenção do Condomínio
Antes de qualquer outra coisa, este é o passo mais importante. A convenção ou o regimento interno do condomínio é a lei máxima que rege o uso das áreas comuns e privativas. Verifique as regras sobre a locação de garagens:
É permitido alugar para não moradores? Muitos condomínios proíbem ou restringem a locação de vagas para pessoas de fora, por questões de segurança.
Há alguma regra específica? Pode ser necessário cadastrar o veículo e o locatário na portaria, por exemplo.
Ignorar essa regra pode gerar multas para o proprietário e o cancelamento do contrato.
2. Entenda a Lei: Código Civil vs. Lei do Inquilinato
Diferente da locação de apartamentos e casas, a locação de uma vaga de garagem autônoma (com matrícula própria no cartório ou que não está vinculada a um contrato de aluguel de um apartamento no mesmo prédio) não é regida pela Lei do Inquilinato.
Ela é tratada pelo Código Civil, o que dá mais liberdade para as partes negociarem as cláusulas. Isso significa que pontos como prazo, multa e regras de rescisão podem ser definidos com mais flexibilidade no contrato.
Cláusulas Essenciais: O que não pode faltar no seu contrato
Um bom contrato de locação de garagem deve ser claro e objetivo. Garanta que ele contenha os seguintes pontos:
a) Qualificação das Partes
Informações completas do locador e do locatário.
b) Descrição Detalhada da Vaga (Objeto)
Não basta dizer "uma vaga de garagem". Especifique:
O número da vaga.
A sua localização exata (andar, bloco, proximidade de um pilar, etc.).
Se é uma vaga presa ou livre, coberta ou descoberta.
c) Finalidade do Uso
Deixe explícito que a vaga se destina exclusivamente à guarda de um veículo automotor (carro ou moto, conforme combinado). É fundamental proibir o uso da vaga como depósito de móveis, caixas, materiais de construção ou qualquer outro objeto. Isso evita problemas e discussões futuras.
d) Valor, Vencimento e Forma de Pagamento
e) Prazo e Regras de Rescisão
O contrato pode ter um prazo determinado (ex: 12 meses) ou indeterminado. O mais importante é definir as regras para o término:
Aviso prévio: Estipule um prazo para que qualquer uma das partes possa rescindir o contrato sem multa, comunicando a outra com antecedência (30 dias é um prazo comum e razoável).
Multa: Caso o contrato tenha prazo determinado, você pode definir uma multa para o caso de quebra antes do tempo, geralmente calculada de forma proporcional.
f) Responsabilidades sobre Danos e Segurança
Este é um ponto crítico. O contrato deve esclarecer os responsáveis sobre eventuais danos, e os casos de não responsabilização também.
g) Chaves e Controle de Acesso
Defina as regras para a entrega de chaves ou controles de portão. É uma boa prática cobrar um valor de "caução" pelo controle remoto, que é devolvido ao final do contrato com a devolução do dispositivo em perfeito estado.
Conclusão: A formalidade é sua maior segurança
Alugar uma vaga de garagem pode parecer algo simples, mas a ausência de um contrato escrito pode transformar uma solução prática em um grande problema.
FUJA DE MODELINHOS DE INTERNET! Um documento claro, bem feito, específico para a sua situação, que preveja as principais situações, protege o seu patrimônio e estabelece uma relação transparente desde o início.
Não confie em acordos verbais. Dedique um tempo para elaborar um contrato simples, mas completo, ou se não tiver segurança nisso, contrate um(a) advogado(a) especializado(a) no assunto para evitar dores de cabeça no futuro. É a melhor forma de garantir tranquilidade para todos os envolvidos.
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Dra. Ramona Gonçalves Bermudes
Advogada contratualista e civilista
OAB/ES 27.986



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